sábado, 23 de abril de 2016

Um conto antes do frio

A tecnologia é uma coisa muito legal, mas tira a graça de certas coisas. Lá no “bota antigamente nisso”, a previsão do tempo era feita com observação da Natureza e com os ensinamentos da vovó: 
- Leva guarda-chuva!
- Ah! Vó! Nesse dia lindo? 
Chuva na certa 

O inverso também era verdade:
- Comprei um guarda-chuva! 
- Que bom! Agora não chove tão cedo! 

Enfim... diz a lenda que a "friaca" invernal está a caminho e que sentiremos um puta grande frio nos próximos dias. Por conta disso, vou contar uma historinha, não sem antes deixar pra vocês a visão da “pedra da previsão do tempo” (você pode fazer algo do gênero para sua casa também). 



Num lugar tão tão distante... alguns Contos de Fada começam assim... 

A neblina clara da manhã de sábado, prenúncio de dia de sol, rapidamente foi afastada com a chegada das meninas. 

- Oiiiii, Mago! - no seu clássico uníssono. 

Deborah espantou as últimas nuvens e o brilho do sol, através da janela, acordou o Guri que logo pulou da cama, trocou de roupa e saiu ao quintal para brincar também. Enquanto rolava a folia de folguedos, os yetis guardiões das meninas optaram por jogar cartas com o assustado guardião (“não sei como que eu aceitei tomar conta dessa fronteira transparente”); o dragão, não muito satisfeito com o barulho dos fogos de artifício em homenagem a São Jorge, preferiu ajudar o gnomo no jardim. 

O dia passou rápido, o sol se pôs lindamente e o frio agasalhou toda a casa, obrigando o uso de toucas, casacos e meias. Em dado momento, um trovão e o tal do apagão. 

- Ops... - com o rosto vermelhinho, Adrielle se desculpava... blecaute total! 
- Lumus! Vamos procurar velas! - Ana remexia nas gavetas. 
- Tiens! Étoiles et la lune! - Deborah providenciou a iluminação de outras fontes. 

Admirados com a beleza e com o poder da Natureza, e de um jeito bem aconchegante, reuniram-se em volta do fogo providencial da lareira para comer uma “pasta”. O Mago foi o primeiro a contar histórias de seus tempos de criança, onde apagões eram comuns e celebrados com passeios nos caminhos só iluminados pelas varinhas, pelas estrelas e pela lua.

- Ah! Bons tempos aqueles, onde alguns que já se foram nos davam as mãos para que não caíssemos e nos ensinavam a ser feliz! 

Após a sobremesa de doce de leite, o Narrador fez as vezes. 

Era uma vez... 

Alguém que procurava por seu bem querer que nem ao certo sabia onde estava, muito menos que estava procurando, pois talvez tivesse desistido de algumas coisas. Tinha medo da decepção, do sofrimento, da desilusão, dos momentos de dor e de, no final, experimentar de novo a solidão. 

Um belo dia, seu bem querer veio ao seu encontro, mas era muito diferente do que poderia imaginar: não era um cavaleiro errante e muito menos montava um cavalo baio; era somente alguém que a amava, que adorava suas histórias, que sentia sua falta quando ela partia e que morreria de dor quando a visse em outros braços... 

Mas seu bem querer também tinha seus medos: da perda, do desencanto, também dos momentos de dor e de, no final, experimentar de novo a solidão... 

A luz voltou, alguém sugeriu um café e um serelepe pulou a janela e saiu pelos campos... será que foi buscar pinhão? 

  
Boa Noite! Eu sou o Narrador.  

N.N.: Compilação dos textos Blackout e Bem Querer em versão livre.

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