sexta-feira, 8 de julho de 2016

Entendeu ou quer que eu desenhe?

”O homem é a única criatura que consome sem produzir. Não dá leite, não põe ovos, é fraco demais para puxar o arado, não corre o que dê para pegar uma lebre. Mesmo assim é o senhor de todos os animais. Põe-nos a mourejar, dá-nos de volta o mínimo para evitar a inanição e fica com o restante.” 

A expressão que dá título ao texto de hoje é considerada, na pior das hipóteses, uma grosseria, caso o objetivo seja chamar alguém de “burro” quando isso recebe a conotação pejorativa de pessoa sem inteligência, idiota, ignorante ou qualquer outra coisa do gênero. Longe das ofensas, mesmo podendo causar tal efeito – o que não é muito difícil nos tempos atuais, onde tudo pode e vai ofender alguém – diria que é uma expressão utilizada por alguém que perdeu a paciência no ato de explicar o que lhe pareceu óbvio, e acaba sendo algo engraçado de observar. 

Mudar o significado das palavras é um artifício chamado "figura de linguagem" e a metáfora é a mais conhecida, sendo usada quando o objetivo é contar uma história de outra maneira, mantendo o contexto desejado. Dessa forma, George Orwell “sentou a pua” na Revolução Russa e nos deixou uma obra adaptável, perfeitamente, aos tempos políticos atuais em diversas regiões do mundo incluindo a nossa. Leitura que deixei para trás por absoluta falta de interesse no tema, já que fui criado durante a ditadura militar e a opressão fazia parte da dinâmica de sobrevivência diária. Informações censuradas, modificadas de acordo com os interesses dos dominadores, manipulação de ideias, autoritarismo e outras coisas que todos já ouviram falar também participaram do processo de alienação. Com o tempo, ficamos velhos, como o burro do livro, e passamos a entender melhor a informação que nos foi negada no colégio. 

“A Revolução dos Bichos” deveria ser leitura obrigatória nos colégios; uma fábula onde a metáfora é objetiva, criativa e educativa. Infelizmente a juventude não tem muita paciência para a leitura e aí entra o desenho! Em 1954 o livro foi adaptado para o cinema como desenho animado que deixo para meus leitores. Há outra versão, de 1999, que fica só o link em azul. 

Como última lembrança, deixo aqui um trecho da apresentação da versão digital do livro, escrito por Nelson Jahr Garcia, assim como um link para download: “Apesar de tudo o que alguns poucos homens já fizeram e lutaram, ainda estamos e vivemos sob os que insistem em dominar aquém da ética e além da lei.”



Boa Noite! Eu sou o Narrador.

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