quarta-feira, 27 de julho de 2016

Dia do Pediatra

A cada dia que passa eu filtro mais o uso do telefone celular: o famoso Whatsapp eu não uso (o que gera uma grande tranquilidade na minha vida); receber chamadas só dos contatos (às vezes eu atendo alguma outra ligação, mas é raro); mantenho o telefone no silencioso e sem vibrador (ou seja: só vejo de vez em quando). Aí alguém pergunta: “tem celular pra que?” A boa resposta seria alguma ótima grosseria, mas é meu jeito de usar e não interessa a ninguém. 

Hoje, entretanto, no intervalo do almoço, eu usei o celular para ver meus e-mails e o Facebook, e estranhei o grande número de notificações na rede social; dei uma fuçada e eram homenagens pelo Dia do Pediatra que eu nem lembrava que era hoje. Foi interessante porque tenho amigos de todas as especialidades que também tem dia próprio, mas o movimento da Pediatria foi infinitamente maior que o dos outros com muitas fotos, poemas, textos e tudo que é possível imaginar. Sem dúvida é uma especialidade (nem sempre considerada como tal), alegre, colorida, sofredora das mais diversas formas de bullying (superior até o dos sofridos pelos chamados “especialistas da letra O”) e que apresenta um processo de extinção (semelhante ao dos dinossauros) por conta do desinteresse dos mais jovens. 

Nos últimos trinta anos (ou mais), a Pediatria foi massacrada das maneiras mais diversas e criativas possíveis: a remuneração do plantão de pediatria era (talvez ainda seja) menor que a equivalente de clínica médica; em alguns locais, a chamada "produtividade" do neonatologista é menor que a do obstetra (não deveria ser tudo igual?); ao importarem a fórmula do “saúde da família”, excluíram o pediatra das equipes e a Puericultura virou pronto atendimento (quando muito); recentemente tentaram retirar o pediatra da sala de parto... enfim... é muito difícil  foda!

Só que existem aqueles abnegados que insistem no atendimento infantil, mesmo sabendo que a barra é a mais pesada que existe na medicina, pois a criança não fala (mas, no geral, também não mente) e os pais da geração atual são cada vez mais despreparados para cuidar das crianças e, ainda por cima, preferem o atendimento das urgências pediátricas às orientações do seu médico de escolha (antigamente não era assim). Continuando no raciocínio, ainda bem que existem a garotada preocupada em trabalhar direito desenvolvendo uma boa medicina (principalmente meus ex-alunos) e os mais antigos (como os dinossauros) que são os amigos de profissão. 

Vale a pena? Com certeza! Tive grandes alegrias, algumas homenagens de pacientes e de amigos, algumas frustrações, mas tudo isso faz parte. 

Uma dica? Se for fazer para enriquecer, esqueça e mude de profissão: PEDIATRA, com todas as maiúsculas, e rico são coisas que não combinam, a menos que sua riqueza seja um sorriso.

Das homenagens recebidas, uma das que mais gosto é o texto da Luisa e, para marcar o dia, vou deixar um desenho que ela fez pra mim em 2010, junto com um grande abraço a todos os PEDIATRAS pelo nosso dia.  


Boa Noite! Eu sou o Narrador.

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