sexta-feira, 15 de julho de 2016

Por que não tem café?

”O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial" (O valioso tempo dos maduros - Mário de Andrade). 

Antigamente o cafezinho era agrado comum e indispensável nos restaurantes, após almoço e jantar. Com o tempo o agrado acabou, surgiram os caríssimos “espressos” e o hábito ficou perdido por aí. Ainda é possível conseguir, claro, mas nem sempre os garçons entendem o que você está pedindo. Para o leitor ter uma ideia, já pedi um cafezinho e fui servido com uma térmica de meio litro e um bule com leite, além de uns pãezinhos; noutra ocasião, ao pedir um espresso numa cafeteria, recebi uns vinte mililitros de algo sem gosto e frio. No exterior fica mais difícil ainda: dessa vez conheci o “café americano”, onde é feito um café normal que fica na cafeteira e, quando é servido, é diluído com água quente. 

A falta de critério é uma grande realidade nos tempos do “copy/paste”, onde substituímos a formação técnica pelo Google, e damos palpites em tudo sem a devida formação. Falei tudo isso porque também virei um palpiteiro no quesito gastronomia e acompanho os programas do gênero. Essa semana começou o Festival Gastronômico de Inverno, já na sua terceira edição, e escolhi dois restaurantes para começar os trabalhos. 

A primeira escolha foi um restaurante tradicional, de bom padrão, sempre vou lá nos festivais, mas dessa vez foi um desastre tamanho que vou pular o assunto e o nome do local. Da descrição à execução quase tudo deu errado à exceção da entrada, que veio boa porém em quantidade mínima. 

Minha segunda opção da semana foi um restaurante pequeno, perto de onde eu moro. A grande vantagem que vi, logo de cara, é que eu iria a pé e poderia tomar um vinho ou uma cerveja já que não estaria dirigindo. O cardápio agradou, mas não coloquei muita expectativa já que algumas pessoas não deram boas referências. 

O local é muito simpático: improviso bem feito e criativo num quintal com garagem, a acolhida não poderia ser melhor já que parece que estamos num churrasco da casa do vizinho. Além de ter ficado bem bonito, logo na entrada vemos a horta à direita de onde sai parte do que consumimos. Outra coisa bem legal é que foi o primeiro restaurante que alguém veio explicar o menu gastronômico ao invés de somente mostrar o folder (alguns, de outras vezes, nem isso fizeram). 

Como bom crítico que sou, formado em séries gastronômicas televisivas, aprendi que uma das exigências é servir o que ofereceu: se falou que é peito de frango grelhado não pode ser coxa a milanesa, e o grande erro dos restaurantes começa por aí. Confirmado meu pedido, surgiu o pão que era a base do caldo servido; longe de ser a proposta (sopa cremosa de legumes no mini pão italiano) essa entrada estava agradável e combinou bem com o vinho que pedi. Mais adiante veio o prato principal, onde fiquei na dúvida qual seria o destaque, pois a ideia era “entrecôte ao molho casa, massa talharim ao pesto e buquê de folhas para acompanhar” só que havia uma desproporção entre a quantidade de massa (muito boa por sinal) e a carne (bem temperada, ponto adequado, bom molho, mas ficou para segundo plano pela pequena quantidade). A sobremesa estava boa, mesmo que também não cumprisse com a proposta “crumble”. 

No “frigir dos ovos”, foi uma boa refeição e fiquei satisfeito. Acredito que a tendência é melhorar, evoluir e, quem sabe numa próxima, servir um bom café não é mesmo? 

 
Boa Noite! Eu sou o Narrador.

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