sábado, 1 de março de 2014

A Rosa e o Carnaval

Carnaval é uma época interessante, onde várias tribos são formadas. Temos aquelas que vão para o litoral (e que ainda devem estar tentando atravessar a ponte Rio-Niterói, as serras de São Paulo e a BR 101); aquelas que desfilam na Sapucaí; aquelas que assistem tudo pela televisão; algumas outras são compostas por aqueles que enchem a cara e os corredores dos PS dos hospitais... enfim: temos de tudo um pouco. Até aquelas tribos dos que escrevem contos... 

O menino fazia parte da tribo que saiu na sexta-feira à tarde do Rio de Janeiro, rumo à Região dos Lagos, e só chegou na hora do almoço de sábado. No ano anterior foi a mesma coisa, mas o que importava eram os dias de folia. Exausto, enquanto os amigos foram para a praia, resolveu tirar um cochilo (algo como o “sono da beleza” ou o “sono dos justos”), para ter disposição à noite. 

Apesar do burburinho do lado de fora da casa, afundou na rede dos fundos e adormeceu. No seu sonho surgiu um rio e um barco, daqueles pequenos, a remo, onde ele resolveu aventurar. De início, belas paisagens surgiram, as águas do rio eram claras e muito límpidas, a correnteza era mansa e os sons do bosque, repletos de passarinhos, completaram a paisagem com flores e o cheiro de mato molhado. 

De repente, o som muda e a correnteza aumenta. Na margem do rio ela apareceu: pele muito branca, boca rosada e sorridente, vestido azul de alças finas, decote comportado, comprimento abaixo do joelho, cabelos castanhos, um cacheado que voava ao vento, assim como o próprio vestido. 

Tal visão o encantou tanto que não notou que o calmo rio tornara-se um algoz. Violento, caudaloso, vira o barquinho e ele cai! Afoga-se? Não! Acorda assustado, porque era um sonho, e a sensação real era uma jarra de água que fora derramada em sua cabeça pelos amigos que voltaram da praia. 

- Acorda, piá! 
- WTF? 

Refeito do susto, a visão da bela menina não saiu de sua mente. Afinal, de onde ele tirou isso? Será que ela existe? E quem seria? Onde mora, o que faz, de quem gosta? Dúvidas à parte, tomou um banho, trocou de roupa, reuniu com os amigos e 'bora pra rua ver o movimento carnavalesco. 

Pausa - Ah! Como a vida seria tão mais colorida se fosse igual aos contos, não é mesmo? - término da pausa. 

Gente que não acabava mais, um natural “empurra-empurra”, típico das aglomerações, resolveu se abrigar numa padaria próxima, que ficava pouco acima do nível da rua, para fugir um pouco do “fervo”. Nesse momento ele a viu: descendo a escada daquela rua (e por que será que a rua tem escada?), o mesmo vestido, o mesmo rosto, o mesmo sorriso, ainda acrescentara uma rosa enfeitando seu cabelo. A tentativa de aproximação foi frustra, mas num movimento mais brusco, a rosa caíra e ele conseguiu pegar, mas a menina sumira na multidão. 

Término do primeiro dia de festa, só sobrara a rosa. Guardou-a com carinho e colocou num copo decorado de temas marítimos azuis. Deixou assim, na janela, para que pegasse sol e durasse o maior tempo possível. 

Acordou, no domingo, com os primeiros raios de sol, que iluminaram a rosa, mas sombrearam um rosto que ria na janela: 

- Obrigada por guardá-la pra mim. É do meu jardim que cuidei durante todo o ano para usar no Carnaval. Que bom que você achou! 

Nesse momento, imaginei o que a Sarah diria: 

- E aí? O que aconteceu? 
- É só mais um conto e este é o momento que cada um imagina o que quiser!  


Boa Noite e Bom Carnaval! Eu sou o Narrador.

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