sábado, 19 de setembro de 2015

Os Velhinhos do Rock

Programas de calouros sempre revelaram grandes sucessos desde os tempos do Flávio Cavalcanti (tenho certeza que você não imagina quem seja esse sujeito, mas na Wikipedia tem alguma coisa e o restante você procura por ai); os formatos mudaram um pouco, mas a emoção de ver um talento nascendo, naquele momento mágico do teste, é algo muito legal.

Essa semana começou o X-Factor, do Simon Cowell, versão musical do American Idol que conta com vários “spin-offs” por ai. O horário é um pouco proibitivo, mas reprisa o tempo todo e ainda tem no Youtube. Grandes talentos já apareceram e ainda aparecem por lá. Particularmente gosto mais do que o equivalente “The Voice”, mas vamos deixar isso quieto. 

Quase mudando de assunto, dizem que “quem gosta de coisa velha é museu”, mas também não é bem assim que a banda toca, não é mesmo? A sabedoria e o talento vêm (essa conjugação, com o acento, nem eu acreditei quando vi) com o tempo e, num contraponto, “quando mais velho o vinho, melhor o sabor”. 

Ontem começou o Rock in Rio, comemorando os 30 anos do maior banho de lama conhecido da história do rock brasileiro, assim como da pior cerveja servida num festival. A música tema é realização do "Roupa Nova”, mas a música hino, já até cantada (isso ele não merecia) pelo Milton Nascimento e que fizeram virar comercial de banco (aaaaiiii...meus sais... alguém tem um de frutas aí?), indiscutivelmente é “Love Of My Life”, do Queen. A festa começou com um mix de bandas nacionais que foi somente “legalzinho”, mas podiam ter poupado o Ivan Lins dessa e a Ivete poderia ter cantado outra música com o Herbert Vianna; acabou que o tributo à Cássia Eller foi bem mais interessante. De qualquer forma, nosso rock envelheceu, mas não perdeu a qualidade e será eterno. Novas bandas (OneRepublic; Script), que fazem sucesso com a garotada, apareceram, foram legais, mas quando o Queen entrou, tudo que aconteceu antes ficou pra trás. 

Diferente do que achou Alice, a presença do Adam Lambert foi o diferencial. Menino novo que veio do American Idol (nem ganhou, mas nem precisou), escolhido a dedo pelos remanescentes do Queen, ganhou o palco e o público. Em show muito bem dirigido, ele foi protagonista e coadjuvante do sucesso mundial da banda. As cordas de Brian May brilharam, como era de se esperar, e o “duelo”de Roger Taylor com seu filho me lembrou o Dan McCafferty usando uma gaita de fole, quando o Nazareth se apresentou aqui pelo sul (fiquei na dúvida se havia uísque escocês ou oxigênio na gaita, mas isso é um mero detalhe). Lembrando textos anteriores, os caras são velhos, mas longe de serem obsoletos e o show foi o máximo. 

Pra terminar, uma pérola que veio da amiga Andréa Pachá (com permissão): 

“Duas péssimas notícias: Mercury morreu e nós não temos mais 20 anos. Talvez o duplo e triste fato explique, em parte, o coro dos indignados acometidos daquela saudade que seleciona os melhores momentos do resto de nossas vidas. Em 1985, nos ressentíamos da falta de Janis Joplin e da lama e da liberdade que, nem de longe eram as de Woodstock. Cada época tem o museu das grandes novidades do seu tempo. Como lembrou David Zylbersztajn, mesmo com todo mundo dançando emocionado e agarradinho o “Love of my life”, sem o personagem original que identificava a banda, pode até parecer com uma propaganda do Itaú. Nessa síndrome de Meia-Noite em Paris, sempre pode piorar. Ou melhorar, se imaginarmos que ainda se dança agarradinho e há aqueles que com 20 anos, cantam o amor em coro.” 


Boa Tarde! Eu sou o Narrador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário