quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Só palavras

Num mês de agosto qualquer... 

O brilho da lua entrando pela janela do quarto 
Fez com que o dia começasse mais cedo; 
Se bem que ela não levantou;
Também não conseguiu mais dormir. 

Aulas próximas a começar, 
Malas e mochilas quase prontas, 
A petizada mais ou menos animada... 
Enfim... acabaram as férias. 

Talvez tudo isso fizesse diferença 
Se o sonho tivesse tomado a forma que ela queria. 
Só que nenhum dos dois esperava tal desfecho, 
Quando ela quebrou o frasco mágico do encanto.

Muito foi dito, muito foi escrito, 
Muito foi sentido também: 
Músicas, cores, sabores roubados, 
Flores, sol e tempestades. 

Das palavras ditas, somente uma parte, 
Pode-se dizer, que foram certas. 
Aquela mais importante foi trocada 
Por outra que não refletiu os sentimentos verdadeiros. 

E ele preferiu a solidão, 
Enquanto ela preferiu andar por ai. 
De comum, a mesma dor invade os dois, 
Pois ambos perderam tudo. 

Foi bonito, lindo mesmo, 
Aquilo que os uniu. 
Ele foi sincero; ela teve medo 
E recuou no momento de decisão. 

Injusto? Com quem? 
Será que somente um coração ficou partido? 
Qual dor agora é maior? A da perda? 
Quem perdeu mais? 

“[...]E hoje pergunto em mim 
Quem foi que amei, beijei 
Com quem perdi o fim 
Aos sonhos que sonhei... 
Procuro-te e nem vejo 
O meu próprio desejo... 

Que foi real em nós? 
Que houve em nós de sonho? 
De que Nós fomos de que voz 
O duplo eco risonho 
Que unidade tivemos? 
O que foi que perdemos?” 

E agora, mais uma vez, só restou o silêncio...

   


Boa Noite! Eu sou o Narrador.  

N.N.: O trecho destacado é do poema “Amei-te e por te amar” de Fernando Pessoa. Clique aqui para ler toda a obra. Texto com tributo a Cássia Eller (original publicado no "Contos de Fada?" em 30/01/2011)

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