sábado, 14 de junho de 2014

Junto e Misturado

A visão do céu azul, do caminhão tanque abastecendo o posto de gasolina em frente, que estava sem combustível por conta das estradas interditadas, e o movimento do relógio da água, deu a esperança de que as coisas começam a voltar aos seus lugares. Melhor ainda quando o comunicado do Corpo de Bombeiros relatou que o nível do rio cedeu dois centímetros, mesmo que a inundação ainda persista praticamente inalterada. Pequenos sinais de que o problema caminha para seu término. 

Atingido indiretamente pelas enchentes, conclui que, este ano, o inferno astral veio com toda a fúria, mas temos que ser do grupo "copo meio cheio" ou, então, desistir. Claro que vários foram atingidos diretamente, perdendo suas casas e pertences, mas saíram vivos e essa dádiva todos agradecemos em nossas orações, sem esquecer de elogiar o trabalho da Defesa Civil junto com os Bombeiros, Polícia Militar e todos os demais voluntários que trabalham, incessantemente, para minimizar o efeitos da enxurrada. 

Como a vida continua, resolvi escrever alguma coisa relacionada a outros temas da semana, mas aí veio um problema: muitos eventos numa semana só, ou seja, Copa do Mundo começando no Dia dos Namorados, que teve lua cheia e que foi na véspera de uma Sexta-Feira 13, classicamente um dia dedicado aos contos de terror. Depois de muito pensar, vamos ver o que saiu. 

Ana Paula ficou sozinha em casa. Como todos viajaram e não conseguiram voltar, com as estradas interrompidas, aceitou o convite daquele casal tão simpático que morava no final da rua, para assistir a abertura da Copa do Mundo pela televisão. O jogo, propriamente dito, não interessava muito, mas a televisão deles era daquelas de cinquenta e tantas polegadas e o lanche estava ótimo. No final do primeiro tempo ela pediu licença, agradeceu e preferiu voltar pra casa, pois uma certa melancolia relacionada ao dia fez com que o recolhimento fosse uma boa opção. Em casa, ligou sua própria televisão e resolveu assistir a "Galinha Pintadinha", o que a fez lembrar de alguma coisa da festa de abertura. 

No meio da barulheira das comemorações pela vitória da seleção brasileira, alguns gritos, gemidos e até uivos meio atípicos eram ouvidos ao longe, o que gerou um pensamento malicioso: 

- Esse casal está é comemorando o dia! Quem diria! - ela riu. 

No dia seguinte, novo convite, só que, dessa vez, para jantar - “Nossa! Que casal simpático!” -  e ela aceitou. Mesa posta, luz de velas e, de repente, o casal abre as cortinas, o luar invade o ambiente, pelos, dentes e garras surgem em ambos, que começam a rir e gritar para ela: 

- Nataaashaaaa!! 

Aos gritos, Ana Paula começou a correr pela sala, já entendendo que ELA seria o jantar do casal de lobisomens. 

- Nataaashaaa!! 

- Nataaashaaa!! Acorda porra caralho guria! 

Levando vários tapas na cara, fora a jarra d'agua derramada em cima de seu figurino “blusa e shortinho” da seleção brasileira, ela acordou com aquele natural “gosto de guarda-chuva” na boca e uma puta enorme dor de cabeça. 

- Natasha não! Ana Paula, caralho por favor! 
- Ah! Nem vem né! Resolveu afogar as mágoas no jogo do Brasil e ainda quer passar de santinha? 
- Onde eu estou? Você ficou comigo o tempo todo não foi? 
- Melhor nem querer saber. Vamos embora antes que a merda confusão aumente. 

Salva pela velha amiga, aquela bonitona, Ana Paula chegou em casa, tomou um banho, queimou as roupas da festa, para eliminar qualquer vestígio da farra, e depois trancou a casa toda, por via das dúvidas. (“Quer saber? Sei lá...”)


- Para quem você está mandando este e-mail, Melinda? - perguntou o Guri.
- É para Adrielle, contando que eu repeti a dose de 2012.

Boa Noite! Eu sou o Narrador!

N.N: Agradeço, mais uma vez, ao Guilherme, pela tirinha exclusiva. Visitem o Porco Espírito.

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