sábado, 18 de janeiro de 2014

Bate-Estaca

Escrever num blog é tarefa interessante: você pode ter somente um jeito de escrever, ter somente um assunto (ou vários) e pode criar histórias isoladas ou que possuam alguma continuação/referência de algum texto anterior. 

Ana Paula é uma personagem cujo esboço surgiu no “Contos de Fada?”; recebia visitas eventuais das irmãs que nunca aconteceram e de outros personagens, mas que “tomou corpo” mesmo aqui. Só que, para quem não acompanha direto o blog, às vezes fica difícil entender que o post atual é mais um post da mesma personagem e ai criei um marcador na coluna da direita para agrupar os temas, começando justamente pelas Histórias de Ana Paula (Natasha) e que também é uma referência à música sensacional do “Capital Inicial”.

Agora, com vocês, mais uma pérola dessa nossa “heroína” (só que não). 

Finalmente ela casou! Bom... já moravam juntos e registrar a situação foi mero detalhe. Mudaram para uma cidade maior e alugaram uma casa modesta, mas confortável, meio longe de tudo, beirando o rio... e ai que estava o perigo: o rio encheu, transbordou (na montanha falavam que “o rio botou pra fora”) e a casa literalmente dissolveu. 

Ah! Essas chuvas de verão são um problema, não é mesmo? Considerando tudo perdido, juntou o pouco que sobrou das roupas e aceitou um convite das enteadas (esqueci de comentar que o marido tinha duas filhas quase da idade dela) que alugaram uma casa de veraneio (paga pelo pai, claro) para uma temporada de praia. 

Nesse período “sensacional” ela cozinhou (duas enteadas, dois namorados, marido e gatos), manchou as mãos com limão, usado para preparar o peixe (esqueceram de avisar que limão e sol não é uma combinação muito boa), esqueceu do filtro solar e seus ombros viraram tomates, não lavou roupa porque faltou água e em alguns dias também faltou luz, encontrou aquela amiga bonitona de sempre (contando vantagem, claro) que estava num resort chique, mas conheceu um corretor de imóveis que ofereceu uma casa, numa outra cidade, que pareceu uma ideia interessante, pelas fotos que viu. 

Fruto de herança, os donos dividiram o terreno em quatro partes sendo que a casa ocupava uma delas e seria a primeira a ser vendida. O corretor deu a ideia que comprassem as outras três, posteriormente, e assim poderiam aproveitar melhor o empreendimento. Considerando que a opção era o “debaixo da ponte”, consultou o marido e toparam a empreitada “no escuro”. 

Chegando lá, exausta das férias (aliás eu gostaria de entender a graça em tirar férias justamente no mês de janeiro, onde todo mundo tem a mesma ideia... parecem aves em movimento migratório na direção da praia), a primeira coisa que notou é que a casa parecia afundada, já que o restante do terreno recebeu uma grossa camada de terra.

- Ah! Dona Ana Paula! Isso é para deixar tudo plano e depois fica muito bom para aumentar a casa, fazer um segundo andar, uma piscina, vai ficar ótimo! - explicou o corretor. 

Ela estava muito cansada para discutir e preferiu dormir. Logo cedo o marido viajou a trabalho e ela continuou na cama, até que uma barulheira de máquinas interrompeu seu sono. 

- Mas que porra coisa é essa? 
- Bom dia, dona Natasha! 
- Ana Paula, por favor! 
- É que pensei que já tinha visto a senhora antes num baile desses. 
- Hum... mas o que está acontecendo aqui? 

O sujeito, responsável pelas máquinas, informou que o restante do terreno fora vendido (“corretor filho da puta safado e mentiroso” - ela pensou) e estavam preparando as bases para a construção de um prédio, mas que ela não se preocupasse que o incômodo seria mínimo. Nem pensou em discutir, voltou pra cama e quase não acreditou quando um bate-estaca começou sua função, caiu reboco nos pés da cama e um barulhão representou o desabamento do telhado dos fundos. Saiu da casa puta irada quando o responsável gritou: 

- Foi “mals” ai dona Nat... Ana Paula. 

Colocou umas roupas na mala, juntou os gatos, de qualquer jeito, dentro do carro e, ao tentar liga-lo, lembrou que esquecera de abastecer. 

- Hoje não é meu dia mesmo! O que mais falta acontecer? 

Nisso o bate-estaca é acionado, a terra treme, um ouriço desaba do teto e... 

- Alô! É do SAMU? É que caiu um bicho na cabeça da dona Natasha! 
- Ana Paula, porra já te falei isso!

  
Boa Tarde! Eu sou o Narrador.

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