quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Amor Cliché

♪ “Eu hoje joguei tanta coisa fora... Eu vi o meu passado passar por mim... Cartas e fotografias gente que foi embora... A casa fica bem melhor assim.”♫ 

No mundo dos sonhos existe o “Era uma vez”, onde uma bela história é contada, passa por atropelos, dificuldades diversas, até chegar no “viveram felizes para sempre.” A gente sabe, entretanto, que “o pra sempre, sempre acaba”, assim como alguns sonhos, alguns anos, onde realizações existiram (porque os sonhos são assim) e algumas chamas se apagaram, quando não se tornaram amor eterno. 

O primeiro dia do ano marca aquela hora de jogar muita coisa fora, aquelas coisas que já cumpriram sua parte, ou que não fazem mais diferença, e seguir em frente. Dito isso: 

Na adolescência se conheceram, por acaso, durante as férias, pouco antes do Ano Novo, numa cidade praiana do Rio de Janeiro. Ele tocava cavaquinho na banda de pagode do tio e ela foi com as primas assistir ao show. Dançou, curtiu e nem notou que ele não tirava os olhos dela. Muito bonita, esguia, cabelos pretos compridos, olhos grandes, chamava muita atenção, mas não ligava para isso e só queria se divertir com suas primas e amigas. 

Na volta pra casa, um temporal fora de hora, típico do verão, fez que todas corressem feito loucas pela rua, mas ela preferiu invadir uma varanda, porque não estava nem um pouco afim de chegar ensopada, enquanto as demais seguiram em frente. 

Ouvindo um barulho, ele abriu a porta e qual não foi sua surpresa quando deu de cara com a menina. Sorriu e pensou: “Papai Noel chegou atrasado, mas não falhou”. Sem querer “dar na pinta”, fez cara de sério e falou: 

- Ei menina, errou o endereço, né? 

Ela, toda sem graça e suficientemente molhada, para ter qualquer bom humor, respondeu: 

- Desculpa, mas não tive jeito e invadi, mas já vou embora. 

Para simplificar, ele ofereceu abrigo, ela recusou, a chuva apertou, ele insistiu, ela entrou e acabaram sentados no sofá da sala, depois que ela se enxugou e vestiu uma camisa do menino, muito mais alto que ela, que serviu perfeitamente de vestido, oferecida pela mãe dele que imediatamente se afeiçoou à mocinha. 

Ficaram amigos, depois ficaram, ai ficaram, então começaram a namorar, ele entrou pra faculdade, ela começou o segundo grau, ele se formou, em algum momento tiveram a primeira vez, ela resistiu à diferença de idade e às “amiguinhas” universitárias que “adoravam o jeito que ele tocava” (Ultraje a Rigor já contou essa história), até que ela entrou pra faculdade e ele não topou levar a tal da “vida moderninha”, quando ela meteu-lhe o pé na bunda e cada um foi pro seu canto. 

Algum tempo depois, ela colou grau e agora ia morar sozinha, para desespero de seus pais (pais nunca admitem que a princesinha cresceu). Antes da mudança, fez uma limpeza no armário e ameaçou rasgar aquele monte de coisas acumuladas nos anos de namoro, mas procrastinou. Aquelas coisas apertaram seu coração, mas a vida continuou e hoje era dia de festa. 

Caprichou no vestido branco, entrou no carro, o sinal estava aberto, o outro motorista estava bêbado, no cruzamento um choque, seu carro capotou, vieram os bombeiros, praticamente sem ferimentos sérios foi resgatada, colocada na ambulância do SAMU e, como o destino é foda, lá estava ele, o antigo namorado, médico da unidade. 

Bom... vou deixar o resto da história para a imaginação de vocês. Sim, é mais uma dessas histórias de amor cliché. O que interessa disso tudo, é que, às vezes, jogamos fora o que devíamos manter com muito cuidado. Acredito que algumas atitudes devem ser pensadas várias vezes, principalmente quando te oferecem amor e você recusa. 

Citando o amigo Élio, meu desejo é que ““sejamos capazes de celebrar a vida a cada dia deste novo ano que se inicia, de forma a torná-lo memorável, inesquecível e indispensável em nossa história.”


Feliz Ano Novo! Boa Tarde! Eu sou o Narrador.

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